A empresa de videogames Electronic Arts (EA) anunciou que vai parar de fazer games de futebol com a marca Fifa. Essa é uma das franquias mais lucrativas da história dos videogames, mas a EA rompeu a parceria alegando que o custo da licença é alto demais. A EA Sports criou o primeiro jogo da Fifa em 1993.
Em entrevista à BBC, David Jackson, vice-presidente da EA Sports, explicou que o estúdio avalia que é hora de seguir um rumo diferente para construir uma "marca para o futuro".
Eis as palavras do Jackson: "O mundo do futebol e o mundo do entretenimento estão mudando e esses mundos se combinam em nosso produto".
"No futuro, nossos jogadores exigirão de nós a capacidade de sermos mais expansivos nessa oferta. No momento, nos envolvemos no jogo como uma forma primária de experiência interativa. Em breve, assistir e criar conteúdo será igualmente importante para torcedores.
De acordo com os acordos de licenciamento que assinamos com a Fifa há 10 anos, havia algumas restrições que não nos permitiriam construir essas experiências para os jogadores."
A franquia Fifa tem tido sucesso em parte devido a acordos de licenciamento detalhados, que permitiram representações precisas de uniformes de equipes, rostos de jogadores e estádios.
Há anos, os jogadores podem jogar com equipas do Campeonato Brasileiro ou da Premier League inglesa. Já em games concorrentes, como o Pro Evolution Soccer, as equipas disponíveis são fictícios, com nomes como Merseyside Red.
A EA diz que continuará a oferecer experiências do mundo real, com até 19 mil atletas, 700 equipas, cem estádios e mais de 30 ligas para jogos futuros. Isso inclui a Premier League, a Bundesliga, a La Liga e a Liga da Uefa.
No entanto, a mudança significa que os jogos lançados especialmente para a Copa do Mundo, como foi o caso de Fifa: Road to World Cup 98, não serão mais feitos pela EA Sports.
Haverá um lançamento final da Fifa, com a edição deste ano — Fifa 23 — à venda neste outono, como de costume. O EA Sports FC será lançado no final de 2023.
Garantir que a maioria dos milhões de jogadores actuais da Fifa mudem para o novo título será vital para que a EA possa manter importantes parcerias de licenciamento no futuro. Esses acordos são uma parte essencial do seu sucesso.
A Electronic Arts fechou o último acordo de licenciamento com a Fifa em 2013. Segundo reportagens da imprensa, desde então a Fifa aumentou consideravelmente o preço da licença — para mais de US$ 1 bilhão por ciclo de Copa do Mundo de quatro anos.
Quando perguntado se se afastar da Fifa foi uma decisão puramente financeira, Jackson disse que "em última análise, não foi por causa de dinheiro".
"O dinheiro desempenha um papel crítico na maioria das negociações, mas a razão pela qual estamos fazendo isso é para criar as melhores experiências possíveis para jogadores e parceiros. Como parte disso, você considera se seu investimento em um lugar é melhor ou pior do que um investimento em outro."
"No geral, ao longo do tempo, sentimos que nossos investimentos eram mais adequados em espaços que eram mais importantes para os jogadores, como as diferentes experiências que agora podemos construir no jogo. Para nossos parceiros, é a maneira como podemos recebê-los e envolvê-los em uma plataforma que fala com 150 milhões de jovens fãs de futebol em todo o mundo."
Em um longo comunicado em seu site, a Fifa diz que lançará novos videogames de futebol desenvolvidos com uma série de estúdios.
Além de lançar novos jogos em 2022 e 2023, a Fifa diz que está trabalhando com as principais empresas de games para desenvolver um novo jogo para 2024.
Gianni Infantino, presidente da Fifa, diz no comunicado: "Posso garantir que o único jogo autêntico e real que tem o nome Fifa será o melhor disponível para jogadores e torcedores de futebol".