José Eduardo dos Santos, morreu esta sexta-feira, aos 79 anos, sucedeu a Agostinho Neto, em Setembro de 1979, quando faleceu em Moscovo, de doença, o primeiro Presidente de Angola. Designado presidente do MPLA, e chefe de Estado, ele manter-se-ia na liderança do país até Setembro de 2017. Teodoro Obiang Nguema, da Guiné Equatorial, ou Paul Biya, dos Camarões, foram dos poucos, em África, a conseguir maior longevidade política.
José Eduardo dos Santos nasceu em Luanda em 1942 no bairro popular do Sambizanga. Com 19 anos junta-se ao MPLA, Movimento popular de libertação de Angola, na altura uma organização nacionalista clandestina.
Rapidamente se desloca para a actual Kinshasa onde o partido tem uma delegação, e passará também por Brazzaville (no antigo Congo francês) antes de se formar no Azerbaijão em petróleo e telecomunicações, no final dos anos 60.
Na sua juventude era conhecido o seu gosto pela música, mesmo como guitarrista, e adepto de basquetebol.
Entre 1970 e 1974 desempenha funções, no seio do MPLA, em Cabinda, antes de voltar a Brazzaville até 1975.
O ano da independência em relação a Portugal leva-o a integrar o comité central e o bureau político do MPLA. Assume a chefia da diplomacia até 1978, e depois o cargo de vice primeiro-ministro e ministro do plano.
Com a morte de Agostinho Neto, em Moscovo, em 1979, é designado presidente do partido no poder e chefe de Estado.
Ficará refém do antagonismo com a UNITA, União nacional para a independência total de Angola, e da guerra civil que opõe o movimento de Jonas Savimbi ao MPLA durante 27 anos.
Em plena Guerra Fria o MPLA terá o apoio dos soviéticos e cubanos, contra os sul-africanos e americanos que apoiaram o partido do galo negro, o seu rival.
Um acordo de paz em 1991 selará as primeiras eleições multipartidárias no ano seguinte. Jonas Savimbi recusa os resultados que o dão como vencido e a guerra reacende-se, ainda com maior dimensão.
A morte em combate de Jonas Savimbi, em 2002, permite um Acordo de paz. Em 2008 dos Santos, também conhecido popularmente como "Zedu" é reeleito na chefia do Estado.
Uma reforma constitucional, dois anos depois, permite-lhe por cobro às eleições presidenciais por sufrágio universal directo, estipulando que o cabeça de lista do partido mais votado se torne, automaticamente, no chefe de Estado.
Um período em que o seu regime se notabilizou pelo seu autoritarismo e pela repressão de protestos juvenis.
Em 2012 o seu partido ganha, ainda assim, as eleições com 72% dos votos.
Nas eleições de 2017 será o seu ministro da defesa, João Lourenço, a ser o cabeça de lista do partido já que dos Santos anuncia que deixa o poder, após mais de 38 anos na liderança do país.
"Zedu" deixará, porém, a presidência do MPLA, apenas um ano depois.
O seu sucessor alega querer fazer da luta contra a corrupção uma prioridade.
A filha de dos Santos, Isabel dos Santos, é exonerada da Sonangol, o gigante petrolífero, e José Filomeno, o filho do ex presidente, é arredado da presidência do Fundo soberano, sendo condenado por fraude a cinco anos de cadeia em 2020.
José Eduardo dos Santos residia desde 2019 em Barcelona, na Espanha, onde cumpria tratamento médico há largos anos.