Agravação de dois minutos, divulgada primeiramente no programa "Anderson Cooper 360" da CNN, diz respeito a uma reunião que decorreu em 2021, em Nova Jérsia, onde o ex-presidente discutia a alegada posse de documentos secretos que não desclassificou, naquela que poderá ser uma prova essencial na acusação de manuseio incorreto de informações condimentais da qual é alvo.
"Eu tenho uma grande pilha de papéis...Páginas longas. (...) Esta é uma informação secreta. (...) Isso foi feito pelos militares, dado a mim", diz Trump no áudio, enquanto se ouve o barulho de manuseio de várias páginas de papel.
"Veja, como Presidente, eu poderia ter desclassificado, mas agora eu não posso, você sabe, mas isso é segredo. (...) É tão incrível", acrescentou, enquanto se ouve uma mulher a dizer: "Uau".
A referência de Trump a algo "altamente confidencial" e a sua aparente exibição a terceiros pode minar a sua afirmação numa entrevista recente ao canal Fox News, na qual disse não ter nenhum documento dessa natureza na sua posse.
"Não havia nenhum documento. Era uma quantidade enorme de jornais e tudo mais sobre o Irão e outras coisas", disse Trump à Fox News.
"Eu não tinha um documento propriamente dito. Não havia nada para desclassificar. Eram histórias de jornais, histórias de revistas e artigos", argumentou.
A gravação capturou a conversa de Trump com um escritor e um editor que trabalhavam num livro de memórias do seu último chefe de gabinete, Mark Meadows, e com assessores.
Trump discutia aquilo que descreveu como um plano "secreto" em relação ao Irão, elaborado pelo general Mark A. Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto e pelo Departamento de Defesa.
A acusação do procurador especial Jack Smith alega que os participantes da reunião com Trump - incluindo um escritor, um editor e dois membros da equipa de Trump - receberam informações confidenciais sobre um plano de ataque do Pentágono a um país estrangeiro não especificado.
Trump declarou-se inocente no início deste mês de 37 acusações relacionadas ao suposto uso indevido de documentos confidenciais mantidos na sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida.
Um porta-voz da campanha de Trump disse que a gravação de áudio divulgada pela imprensa "fornece contexto provando, mais uma vez, que o Presidente Trump não fez nada de errado".